Audiência de caminhoneiro que matou ex-esposa e enteado queimados em Altos acontece nesta quinta (28); família pede justiça
28/11/2024
(Foto: Reprodução) O crime, que aconteceu em maio, resultou também em ferimentos graves na ex-sogra do réu, Maria do Desterro Mota Pinheiro, de 84 anos, e na ex-cunhada Joana de Andrade Pinheiro, de 57 anos. Justiça ouve testemunhas em audiência de acusado de matar esposa e enteado queimados
A audiência de instrução do caminhoneiro Marcos Fortes de Sousa, acusado de matar a ex-esposa Helioene de Andrade Pinheiro e o enteado Flávio Henrique de Andrade Pereira, de 14 anos, acontece nesta quinta-feira (28), no Fórum Desembargador Odorico Rosa, em Altos (PI).
O crime, que aconteceu em maio, resultou também em ferimentos graves na ex-sogra do réu, Maria do Desterro Mota Pinheiro, de 84 anos, e na ex-cunhada Joana de Andrade Pinheiro, de 57 anos. O ataque deixou sequelas permanentes nas sobreviventes.
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Familiares das vítimas estiveram presentes em frente ao fórum, com cartazes e pedidos de justiça. Antônio José Viana, tio de Helioene, relembrou os momentos de terror que presenciou ao chegar no local do crime.
“Cheguei lá e só via água, fogo e sangue. Minha sobrinha já estava morta, meu sobrinho rolando pelo chão. Eu vi ele lá no chão e quando entrei parecia um filme de terror. Ele fez tudo premeditado. Ele era como um filho. Ele era motorista de um filho meu e, até aquele momento, era um homem que a gente tinha confiança. Mesmo com uns quatro meses de separação ele continuava insistindo, meu filho chegou a chamar ele para conversar e pedir que ele desistisse”, relembra.
Joana de Andrade Pinheiro, que estava na casa na noite do crime, mostra as marcas do ataque
Reprodução
Joana de Andrade Pinheiro, que estava na casa na noite do crime e também ficou ferida, contou como foi a noite do crime.
“Ele chegou e entrou. Tocou fogo nela e ela morreu no chão. Queimou tudo. Eu me queimei porque tentei ajudar, mas não deu porque a quentura estava demais e eu saí. Estou traumatizada. Ela era gente boa e o menino dela também. Faz falta demais", disse.
Audiência de instrução
O promotor Mário Normando informou que a audiência de instrução, além de ouvir testemunhas, pode resultar na decisão sobre a ida do réu a júri popular.
“Hoje é uma audiência de instrução em que vão ser ouvidas as testemunhas e provavelmente será prolatada uma decisão que submeterá no futuro ele a um julgamento pelo júri popular. A gente espera essa decisão para saber se será julgado pelo tribunal popular e também que não haja recursos protelatórios por parte da defesa”, disse.
Audiência de caminhoneiro que matou ex-esposa e enteado queimados em Altos acontece nesta quinta (28)
Reprodução
O suspeito do crime, Marcos Fortes de Sousa, sofreu queimaduras nos braços e pernas e ficou entubado e em coma induzido. Após alta, ele foi preso. Marcos obteve o benefício da prisão domiciliar por decisão liminar, retornou à Cadeia Pública de Altos por não ter familiares que pudessem acolhê-lo.
"A defesa impetrou um habeas corpus e o tribunal liminarmente converteu a preventiva em domiciliar. Não existe familiar que possa acolher ele e ele retornou para o presídio. Nós vamos colocar para apreciação a volta da prisão preventiva”, explicou o promotor.
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O crime e as acusações
De acordo com a Delegacia de Altos, o ataque de Marcos foi motivado pela recusa de Helioene em reatar o relacionamento. O réu foi indiciado por cinco crimes:
Feminicídio (contra Helioene de Andrade);
Homicídio qualificado (contra o filho dela, Flávio, por meio cruel);
Duas tentativas de feminicídio (contra Maria do Desterro e Joana de Andrade);
Incêndio.
Os familiares das vítimas enfrentam dificuldades para superar as perdas. Segundo Socorro Silva, tia de Helioene, a dor de sua irmã, Maria do Desterro, é insuportável.
“Minha irmã não tem vida. Ela vive em cima de uma cama, chorando direto e chamando pela Helioene. Todo mundo sofre junto com ela. A dor dela é tão grande que a gente não aguenta.”
O crime
Homem mata ex-mulher e ateia fogo em casa e deixa criança e outros feridos
Conforme a família da vítima, Helioene conheceu Marcos logo depois de terminar o primeiro casamento, e os dois ficaram juntos por algum tempo, mas ela quis terminar a relação, o que o homem não aceitava.
Após várias tentativas de retomar o relacionamento, conforme o delegado André Moreno, titular da delegacia de Altos, o homem invadiu a casa da ex-mulher na noite de sexta (3), os dois brigaram e ele matou Helioene com golpes de faca no pescoço.
Em seguida, ele jogou gasolina e ateou fogo às outras três pessoas que estavam na casa: a mãe, a irmã e o filho da ex-mulher, um garoto que não era filho do suspeito. Marcos também ficou com queimaduras. A casa da vítima ficou parcialmente destruída pelo incêndio.
Histórico de violência
A família, amigos e vizinhos de Helioene lamentaram profundamente a tragédia ocorrida. Entre os relatos, aqueles que conheciam a dinâmica do casal contaram que já haviam pedido até para que Helioene deixasse a casa onde morava, pois Marcos estava se mostrando violento. O tio da vítima, Antônio Francisco Viana, pediu justiça.
"Quando a gente vê nas redes sociais, de fora, a gente acha que nunca passa pela gente, mas você estando perto hoje sabe contar o que se passa em uma família dessa forma. Ele ta vivo, mas destruiu uma família. Matou a ex-mulher, jogou gasolina na sogra, na cunhada, no filho da ex-mulher. Que justiça seja feita como tem que ser, não como ele fez", declarou.
Ele completou, comentando o aspecto machista envolvido neste tipo de crime. "Se a sua parceira não lhe quer mais, converse, siga seu rumo e ela segue o dela. Porque ele acabou a vida dele também, quando sair do hospital, vai pro presídio, quando cair na real, vai ter que motivo para viver?", disse.
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